Em 1927, no filme ‘The Jazz Singer’, o cinema falou pela primeira vez.
As pioneiras palavras de Al Jolson foram sugestivas: “Ainda não ouviram nada!” Oitenta anos depois, a frase soa agourenta.
Os roteiristas americanos estão em greve – gerando, se não apenas o silêncio, ao menos a repetição. Por enquanto, a mais afetada foi a TV, sobretudo as séries de ficção e os talk shows.
Convém realçar que as séries atuais são melhores que 99 por cento dos filmes de longa-metragem.
Hoje Hollywood visa sobretudo o público infanto-juvenil, que não tem saco para diálogos (, nem para enredos complexos (só o maniqueísmo simplório).
Além disso, os grandes planos, proverbiais na TV, estimulam as interpretações subtis. A greve arrancou a 5 de Novembro, promovida pela Writers Guild of América.
Segundo Michael Winship, presidente do sindicato, é o primeiro movimento a “defender o trabalho mental na economia digital”. Os roteiristas querem um salto de 0,3% para 2,5% sobre as vendas em CD (DVD, HD-DVD ou Blu-Ray) dos produtos que escreveram (bem como streamings e downloads pela net). Os produtores mandaram-nos pastar. O impasse forçou as emissoras a suspenderem programas e a ejetarem botox em velhos episódios das séries.
A coisa está preta: em 1988, uma greve semelhante durou cinco meses e causou ao setor perdas de 500 milhões de dólares.
Nos talk shows, David Letterman celebrou um acordo independente com os redatores e cortou no ar (com a ajuda de Tom Hanks) a barba druídica que tinha deixado crescer desde o início da greve. Já Conan O’Brian e Jay Leno (cujos roteiristas continuam na doca seca) estão numa enrascada. Inúmeros atores apóiam o movimento (e cantores, como Nelly Furtado). No domingo passado, a cerimônia dos Globos de Ouro foi tão animada como um velório (prejuízos calculados em 60 milhões de dólares).
A tremedeira exacerba-se com a aproximação da festa do Oscar, em Fevereiro – seria o fim da macacada. Afinal, as estatuetas adicionam dezenas de milhões de dólares às bilheteiras dos filmes (e às contas bancárias dos produtores). Enfim, uma encrenca épica. O autor francês Jules Renard observou uma vez que “escrever é a única profissão em que ninguém é considerado ridículo se não ganhar dinheiro”. Bom, isso acabou. A greve dos roteiristas deixou claro que, em pleno audiovisual, são eles que têm a faca e o queijo nas mãos.
Uma imagem vale por mil palavras.
Hammm...É?
Então agora tente dizer isso em imagens...
Eu acho tudo isso muito bom.
Afinal eu gosto mesmo é do cinema europeu...
post : by Young Vampire Luke
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