Friday, November 10

'' O CHOQUE ''








Aí, chocado, leio uma notícia: comparado com os 32 países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, as tarifas de energia elétrica brasileiras só perdem para a Itália, o Japão e a Turquia. Pelos dados da Agência Nacional de Energia Elétrica, a tarifa para a indústria em dezembro de 2005 estava em torno de US$107 por MW/h, já considerando os impostos médios de 35% praticados no Brasil. A tarifa industrial na Itália estava em torno de US$170,40. No Japão era de US$134,80. E na Turquia US$108,10. Os Estados Unidos, cuja eletricidade provém de combustíveis fósseis não renováveis como carvão, petróleo e gás natural, praticam uma tarifa inferior à metade da brasileira, em torno de US$52 por MW/h. Na França, onde a maior parte da eletricidade é gerada em usinas nucleares, a tarifa é de US$52,60. A menor tarifa industrial é a da África do Sul, com a média de US$23,40 por MW/h. No Brasil, cerca de 90% da energia elétrica é gerada por hidrelétricas, cujo combustível é a água, renovável. Isso deveria implicar custos mais baixos, mas as tarifas brasileiras são praticamente o dobro das vigentes nos dois outros países onde as hidrelétricas predominam: Noruega (US$42,60) e Canadá (US$56,10). Quando leio essas comparações em dólares, fico cismado. Dólar é dólar em qualquer lugar do mundo, mas o dólar não representa o poder de compra das sociedades não dolarizadas. Fui, então, buscar o “Hamburger Standard” conforme a revista The Economist, que se baseia no conceito de paridade do poder de compra: um dólar deveria comprar a mesma quantidade de determinado produto em qualquer país. Um Big Mac é um Big Mac em qualquer lugar do mundo: os mesmos ingredientes, o mesmo tamanho, o mesmo sistema e tempo de preparo, tudo igual. Se o Big Mac fosse transformado em moeda, seria a forma mais justa de comparar os valores, pois seriam eliminados vários fatores que provocam distorções nos cálculos. Pois fiz a conta, pagando em Big Macs. Um MW/h no Japão, equivale a 63 Big Macs. Na Itália, 46. Na Turquia, 40. No Brasil, 36. No Canadá, 18. Nos EUA, 17. Na França, 14. Na África do Sul, 12. Ou seja: não muda nada. A energia brasileira é uma das mais caras do mundo em dólares. Ou em Big Macs...
Não conheço a questão da energia. Mas como consumidor, tenho perguntas. Simplórias e ingênuas: quem é que fixa os preços da energia no país? Tem alguma fiscalização? Que critério define esses valores? E com valores como esses, como é que ainda tivemos um apagão? E a todo momento somos lembrados de que pode haver outro? Pra onde vão os investimentos?... E por aí vai... Ingênuo, né? Mas necessário.
Volto então àquela questão que tratei no artigo A Entropia: alguém tem de tocar o alarme. O sistema está tão viciado, tão largado, a sociedade está tão excluída dos processos, que nos tornamos meros espectadores da incompetência, da ganância, da desonestidade, da irresponsabilidade, da falta de civilidade, da hipocrisia e do amadorismo social dos que nos dirigem. Sejam eles do PSDB, do PT, do PMDB ou da PQP.
A República dos Políticos está velha. Desatualizada. É má. Incompetente. Burra. Não pode assumir as rédeas.
O Brasil precisa de um choque.
Ou de Deus, pra fazer a parte que caberia aos brasileiros...




ORAÇÃO AO POCOTÓ

Senhor fazei de mim um instrumento contra o pocotó.
Onde houver burrice que eu leve a sabedoria;
Onde houver certeza, que eu instaure a dúvida;
Onde houver rancor, que eu leve a união;
Onde houver medo, que eu propague a fé;
Onde houver conformismo, que eu introduza a indignação;
Onde houver desespero, que eu chame a esperança;
Onde houver tristeza, que eu promova a alegria;
Oh! Mestre, fazei com que eu procure mais pensar do que ser pocotizado,
compreender do que ser enganado,
desasnar do que ser asnado,
pois é dando que se recebe, é pocotizando que se é pocotizado,
e é pensando que se nasce para a vida eterna.

Amém.

Por: Raphael trindade


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