Trailer - BATISMO DE SANGUE
BATISMO DE SANGUE, de Helvécio Ratton é baseado em fatos reais.
O filme conta a história dos frades dominicanos, que movidos por ideais cristãos, se envolvem na luta clandestina contra a ditadura militar, no final dos anos 60.
São presos e torturados. Um deles, Frei Tito, é mandado para o exílio na França, onde, atormentado pelas imagens de seus carrascos, comete suicídio.
Com Caio Blat, Daniel de Oliveira, Ângelo Antonio, Cassio Gabus Mendes e grande elenco.
Inspirado no livro de Frei Betto, vencedor do Jabuti
Filme Batismo de Sangue, de Helvécio Ratton, baseado no livro homônimo de frei Betto, mostra confissões dos frades dominicanos obtidas sob torturas nas mãos do delegado Fleury
Delação é uma palavra infamante em qualquer contexto.
Traidor, covarde, Judas são termos que acompanham pela vida inteira qualquer militante político que tenha colaborado com a repressão e delatado seus companheiros
Com muita coragem, o diretor Helvécio Ratton, no filme "Batismo de Sangue", põe o dedo na ferida e mostra as torturas que sofreram os frades dominicanos, que davam retaguarda à Aliança Libertadora Nacional, liderada por Carlos Marighela.
(Os frades dominicanos, envolvidos na luta armada, foram expressão da mudança de rumos da Igreja Católica na América Latina, na década de 60, cujos padres e bispos, em número crescente, contestavam a cumplicidade da alta hierarquia com as oligarquias e se posicionavam ao lado dos explorados.)
Com cenas hiper-realistas de sessões de tortura, comandadas pelo delegado Fleury, nos porões da ditadura militar, as confissões dos frades vão aparecendo como conseqüências de sofrimentos insuportáveis para um ser humano que o levam ao pleno aniquilamento físico e psíquico.
Invertendo a dinâmica do livro (graças a um roteiro muito bem elaborado) o protagonismo do filme passa do frei Betto para o frei Tito (otimamente interpretado pelo ator Caio Blat), que sofreu de maneira mais cruel as conseqüências das torturas, levando-o, inclusive, à loucura e, finalmente, ao suicídio num seminário na França.
Com personagens de carne e osso, muito longe das figuras estereotipadas encontradas em muitos filmes brasileiros que relatam as lutas dos revolucionários nas décadas de 60 e 70 (como, por exemplo, o filme
O Maior Amor do Mundo, de Cacá Diegues), com a demonstração do profundo sentimento cristão que movia os frades dominicanos para a luta revolucionária e para a solidariedade com os companheiros de prisão, esse filme pode se tornar um marco do cinema político no Brazil.
O personagem representando Carlos Marighela, se não é tão bem trabalhado como os dos frades dominicanos, de qualquer forma, não compromete o filme.
Ele aparece como um militante firme que desperta a confiança dos jovens frades.
Marighela, no filme, é um homem solitário, um guerrilheiro perdido nas brumas da noite, um Che Guevara sem glamour.
Para entender o filme é preciso reportar-se ao longo período das ditaduras militares implantadas na América Latina, principalmente nas décadas de 60 e 70, quando proliferaram as lutas guerrilheiras, com maior ou menor apoio da população, dependendo do país, inspiradas tanto nas revoluções cubana e chinesa, quanto no exemplo do Vietnã, e cujos participantes foram banhados em sangue. Em alguns países, como a Argentina e a Guatemala, houve uma verdadeira guerra de extermínio, com dezenas de milhares de mortos ou desaparecidos.
Enquanto isso as empresas multinacionais tiveram lucros estratosféricos.
Não foi à toa que os EUA foram determinantes na implantação das ditaduras e, posteriormente, no treinamento de militares para a ação repressiva.
Há ainda, no filme, referências a outros fatos políticos que envolveram a esquerda, na época, como o frustrado e mal organizado Congresso da UNE, em 1968, em Ibiúna (SP), e a conseqüente prisão de centenas de estudantes, pouco antes da edição do AI-5, que instalou o regime de terror de Estado no Brazil.
O filme também reporta-se aos seqüestros do embaixador americano, no Rio de Janeiro, e do cônsul da Suíca, em São Paulo, por grupos guerrilheiros, que exigiram e conseguiram a libertação de presos políticos em troca da soltura dos diplomatas.
Sobre o seqüestro do embaixador americano, é importante assistir ao documentário de Silvio Da-Rin, Hércules 56, com depoimentos de antigos militantes que participaram das ações e dos presos políticos que foram libertados em troca do embaixador e se asilaram em Cuba.
Seguindo a trilha do excelente filme Zuzu Angel, de Sérgio Rezende, Ratton não poupa setores da Igreja Católica que, como Pilatos, lavaram as mãos diante do sofrimentos dos militantes políticos torturados, nem faz qualquer concessão aos militares e civis que participaram da repressão, financiada por grandes grupos empresariais nacionais e estrangeiros, nem apresenta supostas crises de consciência dos torturadores (crise explicitada, por exemplo, no filme
O que É isso, Companheiro?, de Bruno Barreto, baseado no livro homônimo de Fernando Gabeira); pelo contrário, eles são mostrados como fiéis cumpridores de suas funções certos de sua impunidade.
Nesses tempos sombrios em que vivemos, as alucinações de frei Tito, no seu exílio na França, tendo visões macabras do delegado Fleury perseguindo-o em todos o lugares, não parecem tão irreais, pois pequenos, mas não menos tenebrosos, fleurys continuam torturando suspeitos nas delegacias de polícia do país, acobertados pelas oligarquias políticas e econômicas que nos governam (e que são as mesmas que deram sustentação à ditadura militar).
Enfim, todos nós experimentamos, com maior ou menor grau de lucidez, o horror que é viver nesta fase de putrefação do capitalismo.
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Já vi o filme duas vezes e ele está realmente muito forte, muito bonito. Tem a realidade escancarada, a tortura que não poupa e nem engana o espectador, mas é também um filme poético, sensível e muito bem fotografado. Para os interessados, a ESTRÉIA NACIONAL É NO DIA 20 DE ABRIL.
Vamos prestigiar!
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post: byYoung Vampire Luke
LESTAT NEWS
1 comment:
Olá!!
Gostei muito do seu blog, aki todos os assuntos caem muito bem!!
Vi q vc deu uma passadinha no meu e gostou tbm, fique a vontade para ir lá sempre que quiser!
abraços
http://laboratoriodegeografia.blogspot.com
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